Bagagem
No outro dia fui almoçar fora com duas colegas e, depois de jogar alguma conversa fora, e já não sei porque motivo, começámos a falar de "traumas" ou "situações" (como preferirem chamar) que trazemos connosco desde a infância. Sejam por motivos maravilhosos ou por imposições que posteriormente viraram medos ou frustrações....
Chegámos a uma conclusão engraçada, assim como os nossos pais e/ou cuidadores nos transmitiram uma data de inseguranças, frustrações - não desfazendo as alegrias e momentos felizes -, nos ensinaram a encarar a vida de uma determinada forma, e até moldaram a forma como olhamos para nós próprios/as, nós faremos o mesmo aos nossos filhos. A minha primeira reação foi pensar "credo, não quero traumatizar os meus futuros filhos", mas a minha Colega deixou-me com a seguinte questão: o que nos tornamos, independentemente de nos deixar com algumas marcas, também nos faz ser a pessoa que somos... quem nos diz que os aspetos mais negativos com que crescemos, não nos moldam a sermos pessoas melhores?! Tudo depende da forma como escolhemos encarar o que nos rodeia, não é? Podemos viver revoltados, e descarregar nos outros a bagagem que trazemos connosco, ou por outro lado, aceitar esta tal bagagem como parte do nosso passado, compreender que todas as pessoas têm a sua, e que somos o que somos graças a ela.
Apesar de tudo isto, nem sempre é fácil mantermos uma cara serena quando nos tocam na ferida, mas vale a pena o esforço para tentar que não percebam que acertaram na muche. Pelo menos eu sou assim, tento sempre manter uma cara plena e absolutamente tranquilizante.... Provavelmente não engano ninguém, mas enquanto penso em disfarçar, não penso em dar uma cabeçada a alguém, por isso o universo já agradece.